Desde menino, gostava de criar sonhos. Quando se envolveu com as reações químicas, parou de criá-los. Naquela época, não havia nuvens para carregá-los.
Buscou aproximar-se de uma ou outra nuvem com a ideia de aprender a engenharia dos sonhos, mas os hidrocarbonetos tomaram toda a sua atmosfera por muito tempo da sua vida.
Num dado momento, porém, ao retornar ao mundo onde parara de criar sonhos, deparou-se com uma nuvem que carregava sonhos de outros. Cuidou dela, absorveu sua leveza nos dias em que nutria esperanças, mas afastou-se já no prenúncio de um tempo de maldade, o qual depois se instalou. Foi exatamente nesse tempo tão triste, quando tantas vidas se foram, que a sua nuvem o encontrou e o convidou a completá-la de sonhos, e ele permitiu ao menino que foi (e talvez ainda seja) voltar a criar.
As meninas e os meninos de hoje são acompanhados pela nuvem que se transforma em livro. Ela está nas tuas mãos, recheada de sonhos, também com este pedacinho dos meus.
Elenilto Saldanha Damasceno
Aluno da Fundação Liberato de 1983 a 1987.
Atualmente, professor de Língua Portuguesa e Literatura na instituição.
Hoje, também escritor.
DAMASCENO, Elenilto Saldanha. Apresentação. In FUNDAÇÃO ESCOLA TÉCNICA LIBERATO SALZANO VIEIRA DA CUNHA. Liberarte 2022: concurso de contos, crônicas, poemas e arte da capa. Novo Hamburgo, 2022.
Disponível em: https://issuu.com/expressaodigital/docs/liberarte-2022
