A tragédia tem origem na Grécia Antiga, por volta de 600 a.C., em representações nos cultos ao deus Dioniso, nas quais homens mascarados e vestidos com peles de bode cantavam hinos à divindade mitológica considerada protetora da produção agrícola, da fertilidade e do vinho. Vem daí o termo “tragédia” (de tragos / bode e oide / canto), “o canto dos bodes”. A fantasia relacionava-se aos sátiros, espíritos corporificados em seres metade homem, metade bode, com exaltado apetite sexual, os quais teriam criado Dioniso, cuja estátua era transportada para o centro de um palco onde ocorriam as celebrações.
Segundo Aristóteles, a tragédia é imitação de ações importantes e completas, em estilo elevado de linguagem, apresentada não como narrativa, e sim por pessoas a encenarem situações que suscitam piedade e horror e produzem, nos espectadores, efeito de expurgo e alívio de tensões. A tragédia estabelece o conflito entre uma personagem e a força cruel do seu destino, que sempre prevalece (nó trágico), a transformação das expectativas em condições contrárias (peripécia) e o desfecho pesaroso, por vezes horrendo (clímax).
Já a palavra “teatro” vem do vocábulo grego teathrum (lugar de onde se vê). Na Grécia Antiga, os teatros eram construídos ao ar livre, escavados em encostas de morros, em forma de meio círculo e com excelente acústica. Os artistas eram todos homens. Utilizavam máscaras com uma espécie de amplificador de sons. Denominadas personas (por meio ou através dos sons), originaram o termo “personagem”.
DAMASCENO, Elenilto Saldanha. Tragédia. Jornal VS, São Leopoldo, p. 10, 9 jun. 2022.
