Algumas ideias principais
Paulo Freire apresenta relações de ensino-aprendizagem como processos dialógicos e construtivos. Não há docência sem discência, ou seja, professores aprendem enquanto ensinam, assim como alunos ensinam enquanto aprendem. O conhecimento torna-se construção mútua.
Ensinar não é transferência de conhecimento, mas a criação de possibilidades para produção e construção de conhecimento.
Ensinar a pensar certo é ensinar a agir criticamente, a conhecer o mundo e a interagir nele. Ensinar não é formar objetos, mas formar sujeitos.
O autor apresenta a curiosidade como fonte de todo conhecimento. A curiosidade ingênua é propulsora da vontade de aprender. Através da pesquisa e da essência criativa, essa curiosidade inicial será desenvolvida e atingirá superação, será transformada em curiosidade epistemológica, crítica, com rigor metódico e capaz de produzir mais curiosidade, será aprimorada através de reflexões sobre as próprias práticas e os saberes formados e se tornará capaz de intervir no mundo.
É possível representar o seguinte esquema:
CONSTRUTIVISMO: curiosidade ingênua –> relação dialógica –> curiosidade epistemológica, crítica e ética.
Na aprendizagem construtivista, curiosidade, criatividade e criticidade estarão inter-relacionadas. Também estarão, em constante ação, processos de aprender, apreender e recriar.
Os seres humanos se reconhecem inconclusos, incompletos, inacabados. Essa percepção de inconclusão os leva à necessidade de educabilidade. Daí a importância da educação, pois os seres humanos, nessa busca, passam a fazer escolhas, tornam-se seres políticos e agentes históricos.
A formação do saber acompanha a formação da moralidade. O construtivismo propõe a formação ética. Professores são mediadores nesse processo.
A ideologia dominante é imoral. Representa interesses de mercado e despreza o desenvolvimento integral dos seres humanos. O neoliberalismo propaga o fim da História e a morte de sonhos de mudanças.
Práticas educativas não podem ser neutras. Alimentam-se de esperança em um mundo melhor. A rebeldia, a justa ira diante da injustiça, pode se tornar atitude revolucionária, crítica dessa triste realidade e anunciadora de sonhos.
A História é tempo de possibilidades, não de determinismo. Um mundo melhor é possível ao se trabalhar pela ética da solidariedade humana.
Ensinar exige rigorosidade metódica, pesquisa, respeito aos saberes dos educandos, criticidade, estética e ética, corporificação de palavras pelo exemplo, risco, aceitação do novo e rejeição a qualquer forma de discriminação, reflexão crítica sobre práticas, reconhecimento e assunção de identidades culturais.
Ensinar exige consciência do inacabamento, reconhecimento de ser condicionado, respeito à autonomia de ser dos educandos, bom senso, humildade, tolerância e luta em defesa de direitos de educadores, apreensão da realidade, alegria e esperança, convicção de que mudanças são possíveis e curiosidade.
Ensinar exige segurança, competência profissional e generosidade, comprometimento, compreensão de que a educação é forma de intervenção no mundo, liberdade e autoridade, tomada consciente de decisões, saber escutar, reconhecimento de que a educação é ideológica, disponibilidade para diálogo e afetividade.
Liberdade e curiosidade têm limites. A autoridade não deve se transformar em autoritarismo, a liberdade não deve se transformar em licenciosidade, assim como a justa raiva diante da injustiça não deve se transformar em odiosidade.
Ao desenvolverem e promoverem liberdade e capacidade de decisão ética, os alunos formam sua moralidade, de forma autônoma e responsável. É a pedagogia da autonomia por um mundo melhor.
