Ferdinand de Saussure, considerado o pai da Linguística, estabeleceu a distinção entre langue (língua) e parole (fala). A língua é um sistema, um conjunto de formas que se combinam segundo regras e em diferentes níveis estruturais. A Fonética observa o nível fonológico e a produção dos sons articulados para a comunicação. Seu objeto de estudo é a fala humana. Saussure definiu a fala como utilização individual e concreta da língua. A fala não é apenas combinação do sistema da língua pelos falantes. É, também, veículo dinâmico e suscetível a transformações que, posteriormente, são assimiladas pelo sistema linguístico. A partir desses conceitos, percebe-se que as mudanças na língua são construídas através da linguagem falada, do uso oral e coloquial da língua como meio de comunicação e interação social.
Há uma relação muito forte entre linguagem falada e processo histórico-cultural. Tomemos um exemplo. Há variantes de fala bem características no Rio Grande do Sul. Nosso estado possui rica diversidade cultural, determinada pelas contingências históricas de ocupação territorial e pela participação de diferentes grupos étnicos em sua formação. Dessa confluência de pessoas, vozes e culturas surgiram os diferentes falares regionais nas variadas comunidades de falantes.
A Linguística não omite essas variações de registros do uso da língua e não se preocupa em dar vereditos sobre modos de falar certos ou errados. Ela é uma ciência e, como tal, olha para os seres humanos e para o mundo com o intuito de decifrá-los e compreendê-los.
DAMASCENO, Elenilto Saldanha. Fala e diversidade. Jornal VS, São Leopoldo, p. 10, 4 nov. 2021.
