Entre 6 e 19 de junho, São Leopoldo foi uma das 63 cidades brasileiras que sediaram a 10ª edição do Festival Varilux de Cinema Francês. A sala 3 do Cinesystem Bourbon tornou-se espaço de exibição e lançamento de excelentes filmes, produzidos em 2018 e 2019, obras que representam o melhor do Cinema de Arte contemporâneo.
Quem viveu a juventude em São Leo nos anos 80 lembrará da “Sessão de Arte”, no histórico Cine Brasil, uma sessão alternativa e semanal que exibia grandes filmes inéditos, às sextas-feiras, às 22 horas. Eram momentos únicos, que já sinalizavam o que aconteceria depois, com o advento dos shoppings centers e a concentração das salas de Cinema nesses centros de consumo. Desde então e cada vez mais, as salas exibem filmes comerciais e formam um público homogêneo que assiste a obras que tendem a ser selecionadas pela previsão de arrecadação de bilheteria, e não pela qualidade. O acesso ao Cinema de Arte, baseado no trabalho de grandes diretores e intérpretes e em roteiros inteligentes e sensíveis sobre questões existenciais humanas, tornou-se exceção. Hoje, parece que o combo pipoca + refrigerante é a marca do lazer cinéfilo, e não mais as obras que enriquecem a alma dos espectadores.
A oportunidade de assistir aos 17 filmes do Festival Varilux de Cinema Francês em São Leopoldo foi especial e inesquecível. Cada uma dessas obras mereceria um artigo ou uma resenha, e uma obra-prima como Filhas do Sol mereceria um Caderno de Cultura inteiro. Agradeço à Secretaria Municipal de Cultura, ao Cinesystem e aos demais espectadores presentes pela oportunidade de voltar a me reencantar com o Cinema de Arte no espaço em que ele deve estar: a sala de exibição.
DAMASCENO, Elenilto Saldanha. Momentos inesquecíveis na sala escura. Jornal VS, São Leopoldo, p. 9, 25 jun. 2019.
