Frame

Nesta época do ano, quando lemos ou ouvimos a palavra “Natal”, memórias, emoções, símbolos e pensamentos múltiplos despertam em nossa mente, não é verdade? Vêm à tona conhecimentos prévios, que construímos durante a vida, relacionados a esse tema.

Os modos como nossos conhecimentos prévios são ativados como suportes para a realização de inferências e a construção de sentidos nos discursos são denominados modelos cognitivos, os quais todos os indivíduos utilizam como meios de representação de seus conhecimentos prévios, a partir do pressuposto de que tais conhecimentos também são socialmente compartilhados.

Neste artigo, interessa-nos um desses modelos cognitivos, denominado “frame”, o qual constitui uma das categorias essenciais na leitura de um texto. Eunice Maria Castegnaro Trevisan, em pesquisa sobre os elementos extratextuais envolvidos na leitura, esclarece que frames são “estruturas de conhecimentos pré-existentes, armazenadas na memória e que são ativadas a partir de estímulos”. Pela memória, ao acionarmos as representações relacionadas a um frame específico referido em um texto (por exemplo, “Natal”), organizamos a coerência e construímos sentidos no texto que lemos ou ouvimos.

O  frame apresenta um conjunto convencional de componentes, compartilhado pela maioria das pessoas de um mesmo grupo, construído na sociedade e na cultura e adquirido pelos indivíduos através de experiências pessoais. Além de reunir elementos culturalmente compartilhados, o frame também se reformula e se amplia. Cada novo elemento que venha a se associar a ele torna-se também sua parte integrante. Portanto, é um conceito flexível, passível de transformações e inovações. Afinal, viver é um processo contínuo de novas experiências e aprendizagens.

DAMASCENO, Elenilto Saldanha. Frame. Jornal VS, São Leopoldo, p. 11, 16 dez. 2021.