No ensino tradicional, é comum o uso de livros didáticos com alguns textos cujos temas não despertam o interesse de estudantes, por se mostrarem dissociados de seus conhecimentos prévios de mundo e de seu contexto sociocultural. Ora, leitura não é recepção passiva de ideias. É um processo individual e espontâneo de constituição de sentidos. A compreensão de um texto envolve o interesse e os conhecimentos prévios de quem o lê. Através das inferências que despontam durante a leitura, ao relacionarem os conhecimentos apresentados pelo texto e seus próprios saberes é que alunas e alunos constroem e ampliam seus conhecimentos. Esse é o papel principal da leitura no ensino.
Conforme a linguista e professora Ângela Kleiman, “o que lembramos mais tarde, após a leitura, são as inferências que fizemos durante a leitura; não lembramos o que o texto dizia literalmente”. Durante a leitura, o processo de compreensão é ativado através da utilização de conhecimentos preexistentes. De acordo com ela, a leitura “implica uma atividade de procura pelo leitor, no seu passado de lembranças e conhecimentos, daqueles que são relevantes à compreensão de um texto”.
O texto para o ensino deve corresponder aos interesses e à realidade dos discentes. Alunas e alunos devem participar da escolha de textos. O desenvolvimento da capacidade de leitura, em profundidade e complexidade, é um processo gradual e contínuo. Kleiman ressalta que “quanto mais conhecimento textual o leitor tiver, quanto maior a sua exposição a todo tipo de texto, mais fácil será sua compreensão”. Por isso, a leitura e a produção textual são atividades fundamentais no ensino e na vida.
DAMASCENO, Elenilto Saldanha. Leitura e ensino. Jornal VS, São Leopoldo, p. 10, 24 jan. 2022.
